quarta-feira, 9 de julho de 2008

Conferência da Sociedade Civil das Américas: comitê organizador divulga documento final

O comitê organizador da Conferência da Sociedade Civil das Américas preparatória para a Conferência de Revisão de Durban, realizadas entre os dias 15 e 17 de junho em Brasília, divulgou nesta segunda-feira (07/07) seu documento final. O encontro reuniu 300 delegados de entidades da sociedade civil de 33 países da América Latina e Caribe, que fizeram uma avaliação do processo pós-Durban no plano regional, incluindo o exame das formas contemporâneas de racismo, discriminação racial, xenofobia e intolerâncias correlatas, em todas as suas dimensões. O encontro subsidiou a Conferência Oficial das Américas para a Revisão de Durban, realizada dois dias depois.
O texto, disponível por enquanto apenas em espanhol, faz uma análise dos avanços alcançados e reconhece as dificuldades na implementação do Plano de Ação de Durban; avalia a eficácia dos mecanismos da ONU para a implementação do Plano de Ação e propõe melhorias e ajustes; apóia a criação do "Índice de Igualdade Racial", proposta apresentada pela delegação brasileira; compromete os países com a adoção de políticas contra ações da polícia e da justiça que tenham viés racista; reitera o reconhecimento do tráfico de escravos como um crime contra a humanidade; apresenta boas práticas dos países com a finalidade de promover a cooperação internacional; destaca os trabalhos desenvolvidos no âmbito da Organização dos Estados Americanos para a adoção de uma Convenção Interamericana Contra o Racismo e Toda Forma de Discriminação e Intolerância, assim como a atuação do Grupo de Trabalho contra a Discriminação, Racismo e Xenofobia no âmbito do MERCOSUL; compromete os Estados com a superação do racismo institucional; e reconhece a vulnerabilidade agravada das mulheres ao racismo.
No mais, o documento reconhece demandas dos negros, indígenas, migrantes, refugiados, deslocados internos e pessoas vivendo com HIV/AIDS.
Conferência Oficial – A I Conferência Mundial contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e a Intolerência Associada, foi realizada em Durban, na África do Sul, em setembro de 2001. Na ocasião foram discutidas as etapas práticas para a luta contra o racismo, e editadas recomendações para combater o preconceito e a intolerância ao redor do mundo. O intercâmbio entre os países participantes, as instituições especializadas e as organizações não-governamentais levou à redação uma declaração e um programa de ações, que inclui medidas de prevenção, educação e reparações. Em 2006, a Assembléia Geral das Nações Unidas, através da resolução 61/149, aprovou a realização em 2009 da Conferência de Avaliação da Implementação da Declaração e do Plano de Ação de Durban. Foram previstas, na ocasião, conferências regionais preparatórias, a serem realizadas entre maio e setembro de 2008. A Conferência da Sociedade Civil das Américas foi pioneira no processo de revisão.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

CARTOGRAFIA HISTÓRICA E GEOGRAFIA DO CONTINENTE AFRICANO:

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SULPRÓ-REITORIA DE EXTENSÃODEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SOCIAL
CARTOGRAFIA HISTÓRICA E GEOGRAFIA DO CONTINENTE AFRICANO:
as diásporas, os povos, a história.Ministrante: Prof. Felippe Jorge KopanakisO objetivo do curso é apresentar, em abordagem panorâmica, um estudo da evolução histórica dos povos e culturas do continente africano através da reconstituição das representações geográficas, baseado na cartografia histórica.
DESENVOLVIMENTO:O curso será desenvolvido em três módulos temáticos:
MÓDULO I: Educação para a diversidade étnico-racial (4 h) 1.1 Introdução1.2 A educação para a diversidade étnico-racial e o cotidiano escolar1.3 Conceitos fundamentais1.4 Sugestões de atividades e recursos didáticos
MÓDULO II: Cartografia histórica e geografia do continente africano - Territorializaçã o e fronteiras culturais (16 h)2.1 Introdução2.2 Para uma cartografia histórica da África.2.3 África pré-colonial2.3.1 África Ocidental - Populações do Delta do Níger2.3.2 África Oriental - Egito, Núbia e Abissínia2.3.3 África Central - Os povos Bantos2.3.4 África Austral - O Grande Zimbábue e o reino do Monomotapa2.4 África pós colonial e África contemporânea2.5 Sugestões de atividades e recursos didáticos
MÓDULO III: (4 h)3.1 Cartografia da diáspora afro-americana3.2 Chegada da população negra ao Brasil.3.3 A chegada da população negra ao sul do Brasil3.4 Atividades
PERIODO DE REALIZAÇÃO:28.07.2008 a 01.08.2008FACED - Faculdade de Educação da UFRGS - Campus Central da UFRGS turno da tarde: 13h 30min - 18hINSCRIÇÕES:Período: 1/07 a 21/07 de 2008. Endereço: http://www.prorext. ufrgs.br/ Deds Maiores informações: 3308 3044 ou 3308 3455Taxa de inscrição: Professores e estudantes - R$20,00Público em geral - R$30,00A inscrição só será efetivada após o pagamento da taxa correspondenteO pagamento deverá ser realizado no DEDS/ PROREXT até o dia 23.07.2008 - Av. Paulo Gama, 110. Reitoria da UFRGS - 5° andar

domingo, 9 de dezembro de 2007

COLETIVO DE LESBICAS NEGRAS FEMISNISTAS AUTÔNOMAS - CANDACE - BR


APRESENTACÃO


Na escuridão da noite
Meu corpo igual
Fere perigos
Adivinha recados
Assovios e tantãs (...)
1.

Quando nos arrastaram da África para os portos do Haiti, Jamaica, Cuba, Mississipi e Brasil, não sabiam que nossos corações separados continuariam a bater como se tivessem em um só corpo. E que nossas vozes, mesmo fraturadas, continuariam cantando em uníssono.
(2)

Falar de lesbianidade e negritude e dar expressão ao nosso corpo,e percebemos nossa sensibilidade,nossa vulnerabilidade,nossa transcendência.
E difícil falar da lesbianidade negra, pois estamos falando de nosso corpo estético –político – marcado por experiências pessoais singulares de exclusão e preconceito, pelos poderes sociais e hostis. (3)
Através da criação do Coletivo de lésbicas negras feministas autônomas, ocorrido no VII Encontro de lésbicas latino- americanas e caribenhas – VII ELFLC, Santiago-Chile, Nasce para fazer uma reflexão e propor o debate aberto despretensioso e sincero sobre a questão das lésbicas negras,no movimento de mulheres negras,bem como extrapolar fronteiras preconceituosas e lesbofóbicas existentes no movimento negro em geral, para seguidamente juntos enquanto negras e negros, oprimidos pela segregação racial, lutarmos por uma sociedade “democrática radicalmente pluralista,multicultural e solidária, que abarque o Estado, a sociedade, a família e as relações amorosas”.(4)
Este coletivo, acredita que as questões raciais, o sexismo, são problemas que não afetam apenas as mulheres e os negros, mas toda a sociedade, “pois são fontes de injustiça , de intolerância, de violência, de fraturas, enfraquecendo todo o potencial de solidariedade e sociabilidade que todos nós como seres humanos possuímos”.(5)
Queremos desconstruir esta forma imposta de se fazer política, a busca da posição dominante a qualquer custo, o vale-tudo, para derrotar oponentes – seja pelas heterossexuais, seja pelos homossexuais. Queremos partilhar democraticamente todos os tipos de poderes, construir solidariedade na diferença, no dialogo, escutar ativamente e reciprocamente, acreditamos no respeito mútuo, no sentimento de igualdade moral e política entre as pessoas.
Para alcançarmos este objetivo, devemos colocar a questão da lesbianidade na discussão racial como ordem do dia, reconhecendo que a lésbofobia racial existe e deve ser denunciada e combatida, principalmente entre nosso movimento negro. Queremos através deste coletivo colocar em prática a verdadeira libertação sexual, incorporando valores históricos de nossa etnia,lutamos para que a sociedade brasileira assuma definitivamente sua identidade pluriracial e seja também expressa pela nossa cara, Lésbica negra!
Gênero e raça são eixos estruturantes dos padrões de desigualdades e exclusão social no Brasil. É impossível eliminar esses padrões de desigualdade e exclusão sem enfrentar –ao mesmo tempo – as desigualdades e a discriminação de gênero e de raça e principalmente devemos acordar que para eliminarmos estas desigualdades devemos debater profundamente a questão das lésbicas negras para que assim possamos caminhar juntos nesta luta pela igualdade racial.

“Homossexuais negros sofrem dupla discriminação em função de sua cor e de sua orientação sexual. Também dentro da comunidade negra, a homossexualidade é vista como debilitante, como um ultraje à ordem social estabelecida e a imagem do homem negro que é tido como símbolo de masculinidade”. (6)
As lésbicas negras, bem como os gays negros sofrem violências físicas às vezes até a morte, porém o sofrimento psicológico pela negação da sua condição de ser do gênero feminino, de identidade e condição humana também.
O Coletivo quer sobre , o que é compreendido em primeiro lugar que a lesbianidade, tal como a homossexualidade masculina “é uma categoria de comportamento possível apenas numa sociedade sexista, caracterizada por papéis sexuais rígidos e dominada pela supremacia do homem.Esses papéis sexuais desumanizam a mulher, definindo-nas como uma casta de apoio – serviço em relação à classe dominante dos homens e tornam os homens inválidos emocionais aos lhes exigir que sejam alienados dos seus próprios corpos e emoções de modo a executar eficientemente as suas funções econômicas - política -militares.A Homossexualidade é um produto secundário de uma forma particular de definir papéis (ou padrões aprovados de comportamento) com base no sexo, e como tal é uma categoria inautêntica (que não está de acordo com a” realidade “).Numa sociedade em que os homens não oprimissem as mulheres, e em que fosse permitida a expressão sexual seguir os sentimentos, as categorias homossexualidade e heterossexualidade iria desaparecer “.(7)
O coletivo de Lésbicas Negras Feministas autônomas, surge para aprofundar estes debates e por acreditar que a participação da lésbica negra deve estar em todos os setores dos movimentos sociais, espaços políticos e institucionais, entendido por nós como uma necessidade para conter a dominação dos grupos sociais minoritários, geralmente representado pelo macho-adulto.
Mesmo com as contradições internas no movimento feminista acreditamos que o mesmo tenha avançado e contribuído teoricamente sobre a lesbianidade, a partir do debate sobre sexualidade em geral. Ë nestes avanços que uma participação maior de lésbicas nos encontros nacionais e internacionais feministas que as contribuições nos processos de políticas públicas para as mulheres que as lésbicas negras organizam-se para a implantação e implementação deste debate no movimento feminista e na sociedade civil.Pois como lésbicas negras, “sabemos bem quanto trazemos em nós a marca da exploração econômica e de subordinação racial e sexual. Por isto, trazemos conosco a marca da libertação de todas e todos.” (8)





DOS PRINCÍPIOS DESTE COLETIVO

Este coletivo também denominado Candace –BR, através desta carta vem se apresentar à sociedade brasileira, com este conteúdo que é o queremos debater e com os seguintes princípios baseados em três vertentes, Racismo, feminismo e Classe.

- Autonomia - Horizontalidade
- Transparência - Radicalidade
- Ética -Intolerância a violência, Racismo, sexismo,Lesbofobia.
- Autodeterminação - Sororidade
- Afidamento

NOSSOS OBJETIVOS

- Combater todas as formas de violência, lesbofobia e racismo.
- Incentivo a pesquisa sobre raça e lesbianidade.
- Lutar pela Inclusão social de lésbicas negras em saúde, moradia, geração trabalho e renda,Educação, comunicação comunitária,tecnologia, cultura e arte.

ORGANIZACÃO

Este está organizado horizontalmente por cinco comissões , onde as mesmas são escolhidas entre todas integrantes do coletivo em reunião anual do mesmo.

- Comissão moderadora
- Comissão de ética
- Comissão de articulação e projetos
- Comissão de cultura e arte.

Em especial alguma integrante poderá ser excluída da comissão, bem como do coletivo quando se fizer necessário através de uma carta justificativa acordada pela maioria das integrantes da rede ou na reunião anual.

DA PARTICIPACÃO NO COLETIVO

Participam deste coletivo, apenas lésbicas negras, convidadas pelas fundadoras associadas, devendo passar preencher ficha de adesão e passando por critério da comissão moderadora e só estará apta a responder pelo m,esmo após sua primeira participação no encontro anual.


DO CONSELHO NACIONAL E INTERNACIONAL

Participam deste conselho, feminista lésbica ou não, independente de sua raça-etnia, desde que o coletivo compreenda a importância da convidada para o avanço e o debate deste coletivo para com seus objetivos.



INTEGRANTES DO CONSELHO NACIONAL E INTERNACIONAL

Claudete Costa –RS
Silvana Conti –RS
Maria Angélica Lemos – SP
Ochy Curiel – México
Érika – México
Ester – México
Julieta – Bolivia
Cecilia –México
Celeste Vinet – Chile
Claudia – Chile


Apenas farão parte deste conselho mulheres convidadas por integrantes do coletivo que farão uma apresentação formal da convidada e a mesma preencherão a ficha de inclusão no conselho após debate interno do coletivo.

ASSINAM ESTA CARTA

Leila R. Lopes –RS
Arielle Meirelles –RS
Maria Odete Bento –RS
Norimar das Neves Siqueira – RS
Fátima de Oliveira –RS
Solange Feliciano de Souza –RS
Anelise Quiroga -RS
Joelma Cezário –DF
Meire Lucia Mesquita – PE
Marta Almeida Filha – PE
Marcia IzzO - SP
Atiele Santos - SP
Aminwa do Ébano –SP
Claudia Alice Xavier Rosa-SP
Mara Miniassan – SP
Roseli Macedo Silva – RN





Muito axé para todas e todos
Coletivo de Lésbicas Negras Feministas Autônomas


21 de Março de 2007.




Referências bibliográficas

1. Meu corpo igual. Cadernos negros 15. São Paulo-Quilombo hoje – literatura 1992.

2. Write, Evelyn C. Oakland Califórnia – O livro da Saúde das mulheres negras_ nossos passos vem de longe –RJ, Pallos, Criola, 2000.

3. Werneck, Jurema. Mendonça, Maisa. Write, Evelyn C.- O livro da Saúde das mulheres negras_ nossos passos vem de longe –RJ, Pallos, Criola, 2000.

4. Silva, Benedita – Assistente social, discurso mesa “as mulheres negras no processo de colonização e sua reação durante este período, XIII encontro nacional feminista.

5. Silva, Benedita – Assistente social, discurso mesa, “As mulheres negras no processo de colonização e sua reação durante este período, XIII encontro nacional feminista.

6. Diéne, Doudou – relatório racismo, discriminação racial, xenofobia e todas as formas de discriminação,pg. 13, auto comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Outubro, 2005.

7. The woman – Identified woman, radical lesbian 1970.


8. González, Lélia. A importância da organização da mulher negra no processo de transformação social. Raça & dane (5). 2, Nov-dez 1988.